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Dia da Independência do Brasil: um raio-x com 4 fatos essenciais sobre o 7 de setembro

Pedro Alcântara (Príncipe Regente português que se tornou o primeiro Imperador do Brasil) retratado em um quadro do pintor paulista Benedito Calixto. Foto de Domínio público

06/09/2024 às 18:00

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O dia 7 de setembro marca o mais importante momento de transição do Brasil: de uma colônia de Portugal para um país independente. Há mais de 200 anos, foi proclamada (a já tão aguardada na época) Independência do Brasil – em um momento em que a maioria dos países sul-americanos já não eram mais colônias de nações europeias.

1. Afinal, quem proclamou a Independência do Brasil?

O então Príncipe Regente, Pedro de Alcântara, que era o quarto filho do rei de Portugal, Dom João 6º, declarou a Independência do Brasil de Portugal no dia 7 de setembro.

O rei português Dom João 6º – que ficou no Brasil de 1808 a 1821 (período em que a administração da coroa portuguesa esteve provisoriamente no Brasil) – havia retornado a Portugal em abril de 1821 para reassumir seu trono e deixado Pedro na colônia como Príncipe Regente, tal como relata a Encyclopaedia Britannica (plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido).

Acima, o Altar da Pátria que retrata Dom Pedro 1º, localizado no Parque da Independência no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Foto de Rovena Rosa Agência Brasil

Na época, Pedro enfrentava uma situação política difícil como governante: nesse momento, estava crescendo o antagonismo entre portugueses e brasileiros, além disso, vários grupos favoráveis à separação do Brasil de Portugal e da instituição da República estavam ganhando influência em diversas cidades do Brasil (para seguir o exemplo dos países vizinhos sul-americanos que se já estavam se tornando independentes e virando Repúblicas).

Ao mesmo tempo, o parlamento de Lisboa instituia uma série de leis consideradas descabidas, de forma a impedir avanços de movimentos brasileiros e causavam ainda mais indignação entre vários setores do Brasil. O parlamento português ordenou, por exemplo, que Pedro retornasse à Europa, temendo que ele pudesse liderar um movimento de independência, explica a enciclopédia inglesa.

Neste cenário de tensão e pressão por todos os lados, Pedro de Alcântara respondeu a Portugal dizendo que iria ficar no Brasil, em uma data que ficou conhecida como o “Dia do Fico”, ocorrida em 9 de janeiro de 1822.

Em junho deste mesmo ano, Pedro convocou uma assembleia constituinte e legislativa. E, para tentar frear as ambições dos republicanos e também de portugueses que queriam restabelecer os laços coloniais com mais força, o então Príncipe-regente declarou a independência do Brasil em 7 de setembro.

O país seguiu sendo uma monarquia e Pedro se tornou o primeiro imperador do Brasil, sendo coroado em dezembro de 1822 e assumindo o nome de Dom Pedro 1º.

O Museu do Ipiranga (na foto) é o mais antigo museu da cidade de São Paulo, foi inaugurado em 1895 e criado para homenagear a Independência do Brasil e hoje possui um grande e rico acerto histórico. Foto de Paulo Pinto Agência Brasil

2. Em que ano e onde foi proclamada a Independência do Brasil?

O Brasil se tornou independente de Portugal no ano de 1822, na cidade de São Paulo, na região onde hoje é o bairro do Ipiranga – às margens de onde na época havia um córrego.

No dia 13 de agosto, Pedro saiu do Rio de Janeiro, a capital do Brasil naquele momento, e ali deixou no comando sua esposa, a princesa Leopoldina. No início de setembro, Pedro estava viajando da cidade litorânea de Santos para São Paulo quando recebeu uma notificação de uma declaração em sessão extraordinária assinada por Leopoldina.

O ministro José Bonifácio havia redigido a declaração de independência, que foi assinada por Leopoldina e enviada a Pedro por mensageiros os quais o alcançaram em 7 de setembro de 1822. Foi quando ele declarou a independência ao chegar à cidade de São Paulo, conforme detalha um artigo da Agência Brasil, órgão oficial de comunicação governamental brasileiro.

“O Brasil será em vossas mãos um grande país, o Brasil vos quer para seu monarca. Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio ele fará a sua separação. O pomo está maduro, colhe-o já senão apodrece.” – escreveu Leopoldina em uma das três cartas que enviou a Dom Pedro.

3. Como realmente aconteceu o “grito independência” dado por Dom Pedro?

Pedro estava em Santos a caminho de São Paulo e, ao chegar na região do Ipiranga, recebeu a declaração de independência assinada por Leopoldina. “Ele estava fazendo uma viagem por São Paulo para tentar conseguir apoio político e para apaziguar os ânimos”, explicou Natália Godinho da Silva, historiadora que trabalha no Núcleo de Formação e Desenvolvimento de Públicos do Museu da Cidade do estado de São Paulo, em entrevista para o site da Agência Brasil.

Segundo conta o escritor Laurentino Gomes em seu livro “1822”, um trecho da declaração escrita por Bonifácio teria enfurecido o príncipe: “Senhor, o dado está lançado e de Portugal não temos a esperar senão escravidão e horrores”.

Após ouvir seus conselheiros e refletir por alguns minutos, Pedro tomou a decisão. Na descrição do tenente Canto e Mello, relatada no livro, o regente explodiu sem titubear e gritou, diante de apenas algumas pessoas de sua comitiva: “É tempo! Independência ou morte! Estamos separados de Portugal”, como aparece no livro “1822”.

O quadro original “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, pode ser observado no Museu do Ipiranga, em São Paulo. Foto de Paulo Pinto Agência Brasil

4. Dom Pedro estava mesmo montado em um cavalo ao declarar a Independência do Brasil?

O célebre quadro “Independência ou Morte” pintado pelo paraibano Pedro Américo (que pode ser visto no Museu do Ipiranga, em São Paulo), em 1888, eternizou no imaginário brasileiro a imagem fictícia de como teria sido o famoso “grito do Ipiranga” o qual marcou a autonomia política do Brasil em relação à Portugal. A pintura, porém, recria uma cena mítica com um glamour inexistente na realidade, segundo estudiosos.

No quadro de Pedro Américo, D. Pedro, seus conselheiros e toda sua comitiva que aparecem com roupas de montaria de gala, levantando espadas e em cima de belos cavalos. No entanto, a viagem pela Serra do Mar, de Santos para São Paulo, não era fácil na época e acabava sendo feita com auxílio de mulas, que são animais mais resistentes que cavalos.

Portanto, Pedro estava montando em um burro (mula) ao declarar a independência. Essa história é contada com detalhes e humor no livro “Memórias Póstumas do Burro da Independência”, lançado em 2021 pelo escritor e jornalista Marcelo Duarte – título em alusão ao best-seller de Machado de Assis.

Fonte: National Geographic

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