Um estudo da Serasa Comportamento, que ouviu consumidores de todas as regiões do país, de 18 a 60 anos ou mais, revela que 55% das pessoas acreditam que um cotidiano menos estressante leva a decisões financeiras mais acertadas.
A questão, porém, envolve escolhas difíceis: cortar um gasto essencial ou investir em saúde mental? Os gastos com saúde mental já ocupam o sexto lugar entre as prioridades das famílias, à frente de despesas com carros e serviços de assinatura, como os streamings Netflix e Disney+.
Para a psicóloga Valéria Meirelles, especialista em finanças comportamentais, o problemas não está apenas no dinheiro, mas na forma como ele molda relações e sentimentos. Segundo ela, muitas vezes, quem passa por dificuldade sente vergonha de pedir ajuda ou de admitir o problema financeiro, o que só agrava o impacto emocional. E no trabalho, conforme a pesquisa, o efeito não é menor: 78% dos entrevistados disseram que as dívidas afetam a produtividade e o foco profissional.
Desgaste emocional
“Não se trata de incompetência, mas de um desgaste emocional que poderia ser evitado com suporte psicológico e financeiro”, diz a psicóloga.
Iniciativas das empresas para apoiar a saúde mental das equipes ainda são raras, mas podem ser decisivas. Para Valéria, as companhias deveriam proporcionar acesso a orientações sobre dinheiro e programas de bem-estar financeiro e emocional, pois ambos melhoram o ambiente de trabalho e aumentam a produtividade.
Embora a pesquisa da Serasa não aborde diretamente os gatilhos financeiros para problemas de saúde mental, Laís Gabriel, especialista em educação financeira da Serasa, diz que os dados apontam que muitas dificuldades estão relacionadas à desorganização com o dinheiro e ao acúmulo de dívidas. Segundo o levantamento, 55,9% dos entrevistados apontam o acúmulo de dívidas como consequência dos problemas emocionais, seguido por desorganização financeira (52,6%) e gastos impulsivos (28,3%). A especialista ainda destaca que a ansiedade, principal problema mental identificado nas entrevista, afeta especialmente mulheres, jovens e cidadãos de renda baixa, com prevalência maior entre os que enfrentam dificuldades financeiras.
Planejamento
Raony Rossetti, CEO da plataforma Melver de formação em educação financeira, diz que o equilíbrio financeiro e emocional começa com um diagnóstica claro sobre o orçamento. Ele recomenda listar todas as dúvidas e organizá-las por taxas de juros mais altas e mapear receitas e despesas mensais. Essa arrumação inicial permite estabelecer metas, como determinar um valor fixo para amortização de compromissos e eliminar os mais caros primeiro. Além disso, Rosseti sugere cortar gastos supérfluos, renegociar condições com credores e buscar alternativas de renda, como trabalhos freelancers e venda de itens usados.
Para prevenir o endividamento e os problema psicológicos que dele decorrem, Rossetti enfatiza a importância da educação financeira. Em um país onde muitos brasileiros fastam mais em apostas do que investem, diz ele, a falta de conhecimento agrava o superendividamento e o impacto emocional das dívidas.
A chave, segundo ele, está em combinar planejamento financeiro com ações práticas, como acesso a recursos gratuitos de saúde mental e metas alcançáveis.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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