Conheça o trabalho do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres de Guarapuava

O Serviço existe desde 2005 e é realizado pelo curso de Veterinária da universidade. Em 2019, o local se tornou um CAFS – Centro de Apoio à Fauna Silvestre. Atualmente, houve uma abrangência maior nos serviços e por isso hoje é um CETRAS. 

Foto: CulturaNews

21/08/2024 às 14:00

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Quando um animal silvestre é atropelado ou resgatado de um cativeiro, por exemplo, ele precisa passar por cuidados médicos já que em alguns casos, muitos deles são maltratados. Em Guarapuava existe o CETRAS – Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres que realiza esses atendimentos diariamente.

No local, que funciona nas dependências do campus CEDETEG, da Unicentro, podem ser encontradas várias espécies de animais silvestres, desde um gamba até um papagaio do peito roxo, ave ameaçada de extinção.

“Os animais que atendemos aqui, os nossos pacientes, são indivíduos do que chamamos de fauna vitimada. São animais que passaram por algum tipo de conflito, muitas vezes por responsabilidade do ser humano. Passaram por um atropelamento, posse ilegal, tráfico, algum resgate, interação inadequada, um animal que se desgarrou e foi parar dentro de um domicílio e que precisou ser resgatado. Ele vem pra cá, passa por avaliação, por procedimentos de diagnóstico e tratamento, eventuais cirurgias, até que ele esteja apto a exercer suas funções naturais e voltar para a natureza”, explica o coordenador do CETRAS em Guarapuava, o médico veterinário e professor na Unicentro, Rodrigo Antônio de Souza.

O Serviço existe desde 2005 e é realizado pelo curso de Veterinária da universidade. Em 2019, o local se tornou um CAFS – Centro de Apoio à Fauna Silvestre. Atualmente, houve uma abrangência maior nos serviços e por isso hoje é um CETRAS.

Na grande maioria dos casos não existe um vínculo maior dos profissionais veterinários com os animais que chegam no local, isso porque os animais geralmente retornam para a natureza após um tempo de tratamento. Mas existem algumas excessões. É o caso de uma fêmea de macaco-prego que está acolhida há cerca de um ano. Ela ganhou o nome de “Lulu”.

Foto: CulturaNews

“A ‘Lulu’ foi vítima de posse ilegal por 19 anos. Ela ficou sob cuidados humanos de modo inadequado até que a pessoa fez a entrega para as autoridades e o animal veio para cá. O macaco prego é um animal social. Eles têm que crescer e viver no bando para aprender todos os comportamentos naturais da espécie. É um animal que chegou idoso, não tem condições de reabilitação para soltura, mas por ser um animal idoso passou por uma bateria de exames e descobrimos que ela tem uma doença cardíaca grave. Ela precisa de medicação constante”, conta o coordenador.

O local funciona todos os dias da semana o ano inteiro.  Rodrigo Antônio de Souza, explica ainda que o processo de domesticação dos animais existe porque o ser humano cria afeto pelos bichos.

“Trouxemos o lobo e transformamos ele em cachorro. Trouxemos o gato e ele se tornou aquele bicho doméstico que fica de barriga para cima em nossa cama. A gente tem uma necessidade de contato, somos animais sociais. Mas nem sempre para os animais essa aproximação é vantajosa. A gente vê que existe dificuldade das pessoas de entenderem o comportamento desses animais, das suas necessidades fisiológicas. De entenderem que eles precisam de um espaço, uma rotina, até mesmo de luz do dia e escuro à noite. Então, a gente acaba impondo uma condição de maus tratos, além de retirá-los da natureza onde eles exercem suas funções, tem lá sua reprodução, perpetuam sua espécie. A gente acaba interferindo nisso com certo egoísmo”, afirma.

Atualmente, duas veterinárias residentes que estão fazendo uma especialização pela Unicentro, realizam os plantões. Em dias de semanas, elas trabalham juntas e aos fins de semana e feriados, se revezam nas escalas. Tamires Maruiti Serra é uma delas. A jovem de 27 anos é de Cuiabá (MT) e está no projeto desde março desse ano.

“Eu gosto muito, é muito gratificante, quando você vê o animal, consegue descobrir. A gente nunca tem o histórico. O animal como é de vida livre é encontrado muitas vezes. Então a gente não tem um histórico, mas através de exame físico, complementares, consegue ter uma base do que aconteceu. Poder tratar isso e ver ele melhorando é muito gratificante”, conta.

A curitibana Fabiana Baggio, de 24 anos, conta que elas fazem uma carga horária de 60 horas semanais em prol dos cuidados dos animais silvestres que chegam no CETRAS.

“É uma carga horária alta, mas justamente por conta da especialização, no final a gente ganha o título de especialização na área, então acaba sendo uma carga horária muito maior. Mas a gente passa durante o dia e também tem os plantões tantos os noturnos quanto os de final de semana e feriados. Então o trabalho por aqui não para”, explica.

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