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Guarapuava quase dobra número de moradias em favelas entre 2019 e 2023

Pesquisa de Habitação de Interesse Social mostra que município tem 13 favelas e mil moradias nestas áreas.

Quantidade de moradias em favelas aumento em Guarapuava. Foto: Cléber Moletta.

18/06/2024 às 13:00 - Atualizado em 19/06/2024 às 16:23

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No ano de 2023, foram catalogados em Guarapuava 1.002 domicílios em 13 áreas de favelas. Os dados são da Pesquisa de Necessidades Habitacionais do Paraná (PEHIS), realizada pela Cohapar. Na mesma pesquisa realizada em 2019, Guarapuava tinha 8 áreas classificadas como favela e 588 domicílios nestas condições. Desde então surgiram mais quatro favelas e mais 514 habitações.

Miriam Talita Maciel de Moraes, de 24 anos, mora com o marido e três filhos em uma área de invasão nos fundos da Igreja Santa Rita, Residencial 2000. Ela trabalha em casa cuidando das crianças e o marido é pedreiro, ganhando por dia de trabalho. A renda deles varia entre 120 ou 130 reais por dia, mas quando surgem contratempos, como as chuvas, seu esposo não tem como realizar o serviço. Ele já chegou a trabalhar em troca de materiais para que pudessem melhorar o piso da casa, devido ao fato dela ter sido construída em cima de um banhado.

“Eu não reclamo dessa casa, tem muita gente que não tem casa para morar, mas queria uma casa onde você possa ter uma área de lazer. Uma casa boa, um terreninho que não seja banhado, onde você possa plantar alguma coisa. Na verdade eu acho que é o sonho de todas as mães, né?”, disse Miriam.

Mapa elaborado com dados da PEHIS 2023. Fonte: reprodução Cohapar.

Os filhos do casal têm acesso à educação. Embora no Residencial 2000 não tenham conseguido matrículas, eles vão de ônibus até uma escola que fica em outro bairro. A moradora conta que estudou até o sexto ano do ensino fundamental e que tem vontade de voltar a estudar, mas que isso só seria possível com uma renda melhor e um lugar confiável para deixar as crianças.

“Nós estamos aqui, ninguém tem contato com nós, ninguém vem conversar, ninguém vem saber o que nós estamos precisando […]. Como é que você vai ter confiança de sair trabalhar ou ir estudar e deixar seus filhos pra na hora que você chegar sua casa nem tá aqui mais?”, se questiona.

Seus filhos têm 1, 7 e 9 anos de idade. Miriam revelou que o seu maior sonho é poder oferecer uma casa boa e tudo aquilo que ela não teve na vida a eles.

Banhado

Mariliane de Almeida Fiuza, de 28 anos, mora na mesma ocupação há cinco anos, com o marido e os filhos. A renda vem do esposo que ganha R$ 1.800 reais por mês, o que não permite pagar aluguel ou comprar uma casa, segundo ela. Cadastrada na Prefeitura para ser colocada numa habitação popular, conta que ainda não foi chamada. Por isso, teve que lidar com as situações precárias da área de forma improvisada.

“Gato [de energia] e a água o vizinho cedeu o relógio para nós puxar aqui para nós”, relata. “É improvisado, bastante úmido, é banhado lá para trás. Até aqui dentro da minha casa dá pra ver o banhado que é debaixo da minha casa”.

Reportagem de Cléber Moletta e Luis Emanuel Calixto (estagiário)

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