Artigo de dom Amilton Manoel da Silva, CP
Desde o ano de 1981 a Igreja do Brasil, no mês de agosto, tem nos ajudado a rezar e a refletir as vocações específicas: ministros ordenados, família e vida religiosa consagrada, bem como a vocação do (a) catequista. Esta “lembrança anual”, proposta pela CNBB, nos coloca frente a frente com os desafios de cada vocação e, ao mesmo tempo, tem nos despertado para o compromisso de promover as vocações, ajudando os jovens a projetarem-se no futuro, abraçando uma vocação específica.
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O último domingo do mês de agosto é dedicado ao catequista, como afirmação de que todas as vocações anteriores, celebradas no mês, são repostas ao chamado de Deus e resultado da catequese de alguém pois, uma decisão consciente e livre, além da oração e da abertura à vontade do Senhor, necessitou de aportes de pessoas para o discernimento. Para alguns foi a contribuição de um padre. Para outros, o conselho e a experiência dos pais. Outros ainda buscaram o aconselhamento de religiosos (as) ou de um catequista… Houve oração, escuta e catequese para se chegar numa decisão!
A palavra “catequese” significa instruir a viva voz e era exatamente assim que o povo aprendia sobre os mistérios da fé: na leitura da Palavra, no diálogo e até com entrega da própria vida. É o que vemos no Antigo Testamento, na transmissão da fé dos profetas, das famílias e das pessoas tementes a Deus. Com a chegada de Cristo, o conteúdo da fé se fortaleceu; começou um novo tempo e com ele surgiram pessoas que comunicaram a experiência de Cristo entre nós, como os apóstolos e tantos cristãos que se destacaram no meio do povo para essa missão; edificaram a catequese como uma vocação na Igreja.
Neste ano de 2024, temos 4.784 catequistas na Diocese de Guarapuava. São incansáveis evangelizadores nas 48 paróquias, espalhados nas 1.020 comunidades eclesiais. O número de catequizandos, neste ano, se aproxima de 26.000. Uma multidão de homens e mulheres transmitindo os conteúdos da fé, partilhando as experiências de Deus e testemunhando a santidade, para um número gigantesco de crianças, jovens e adultos, sedentos de Deus, que também trazem as experiências recebidas na família. Nessa “ida” e nessa “busca”, se entrelaçam e se comprometem (catequistas e catequizandos), filhos e filhas de Deus, se alimentando na fonte que é Jesus Cristo e nas riquezas imensuráveis que o Mestre deixou à sua Igreja e que ao longo de 2.000 anos não cessa de proclamar “a salvação que se estende a todos, todos, todos…” (Papa Francisco).
Nas visitas pastorais, ao perguntar nas comunidades quem são os catequistas, vejo brilho nos olhos e sorriso nos lábios dos que se apresentam. Ao percorrer as comunidades rurais, distantes umas das outras e muitas vezes de difícil acesso, fico a pensar na doação e na disponibilidade desses homens e mulheres vocacionados, que não se deixam abater pelos desafios da missão. Nesses momentos, rezo confirmando as palavras do profeta: “Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, proclama boas novas e anuncia a salvação” (Is 52,7).
Enaltecendo esses valorosos missionários, o Papa Francisco, em 10 de maio de 2021, instituiu o Ministério de Catequista. O que significa que, agora, ser catequista é um serviço oficial dentro da Igreja, um reconhecimento pontifício que salienta a sua importância, uma vez que a fé de gerações se deve à catequese. Sem ela não é possível batizar, crismar, casar ou ordenar ninguém, porque o conhecimento de Jesus Cristo passa pela comunicação de sua vida e esse apostolado é próprio do catequista, logo, é uma missão grande e essencial na Igreja. Em nossa diocese estamos trabalhando para conferir este Ministério aos nossos catequistas, segundo as instruções da Comissão Episcopal de Animação Bíblico-catequética da CNBB.
Ao longo da história da Igreja, não faltaram homens e mulheres da fé, que esquecendo de si mesmos se colocaram a serviço de Deus no anúncio da mensagem salvífica. No entanto, a messe continua grande e os operários, poucos! Faço aqui um apelo: Não estaria o Senhor te chamando para assumir esta vocação na sua comunidade eclesial? Ainda é insuficiente o número de catequistas em nossas paróquias… Louvamos a Deus pelo número elevado dos que tem buscado os sacramentos, mas faltam evangelizadores, faltam catequistas. Consulte o seu coração!
O apóstolo Paulo nos desperta ao afirmar: “Como as pessoas acreditariam se não ouvisse quem falasse de Deus? E como ouviriam, se não houvesse quem O anunciasse? E como poderiam anunciar se ninguém fosse enviado? (Rm 10, 14-15). Minha gratidão a vocês, catequistas: padres, pais, religiosos e religiosas, leigos e leigas. O Senhor continua chamando e enviando, não tenham medo de proclamá-lo com palavras e, sobretudo com a própria vida.