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Reportagem especial mostra os impactos do bloqueio da Rodovia BR-277, em Guarapuva, no trecho conhecido como Serra da Esperança. A cobertura iniciou no dia 7 de novembro de 2024, quando parte da encosta, no KM 309, veio abaixo e trancou o tráfego nos dois sentidos. A BR-277 é uma das principais ligações rodovias do Paraná e liga o Brasil ao Paraguai. É fundamental para circulação de pessoas e de cargas, formando o corredor de exportação da indústria de alimentos e agronegócio do Paraná. 

 Foto: Cléber Moletta

 

A rodovia está interditada desde a noite do último sábado (6) devido a desmoronamentos em vários trechos da Serra da Esperança, em razão das fortes chuvas que ainda continuam. O mais crítico deles fica na altura do quilômetro 308.

 

Durante todo domingo, uma empresa que presta serviços para o Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT) – que é o responsável pela rodovia – retirou a lama do asfalto e fez a limpeza com mangueira de água com auxílio da Defesa Civil e do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR).

Apenas 21 horas da interdição da rodovia é que uma equipe do DNIT chegou ao local, no trecho onde o desmoronamento foi em maior volume. Um auxiliar de trânsito do Departamento registrou imagens dos deslizamentos.

Em conversa rápida com nossa equipe, sem gravar entrevista, ele disse que avaliação técnica da estrutura das rochas que será necessária para a liberação da rodovia (sem data definida) não cabe a ele, mas sim a um geólogo que iria chegar nesta segunda-feira ao local. Antes da avaliação, conforme afirmou o auxiliar do DNIT, seria feita a remoção da vegetação e terra soltas na encosta.

 

Com o bloqueio na Serra da Esperança, os motoristas passaram a ter como saída o caminho por Inácio Martins (PR-364), que dá acesso a outro trecho da BR-277 já em Irati. O trajeto é possível ser feito por carros e caminhões menores, mas motoristas de veículos maiores com quem conversamos temem acidentes porque a rodovia estadual além de estreita tem muitas curvas.

 

A reportagem conversou com três caminhoneiros. Um deles, paraguaio. Valdemir Cabaña disse já ter prejuízos com gastos não programados durante o trabalho, com alimentação. Outro caminhoneiro que carregou o veículo com grãos em Santa Catarina comentou que 90% dos caminhoneiros ganham por comissão e que paradas prolongadas como a de agora resultam em prejuízos para todos.

 

O caminhoneiro Gabriel Gardini carregou no Rio Grande do Sul e teria que passar ainda neste domingo pela Serra da Esperança. Prejuízo financeiro e na agenda para voltar para a casa, uma vez que outros fretes já previstos tiveram que ser cancelados com a parada.

Bruno Proença, caminhoneiro de Guarapuava, tinha o Porto de Paranaguá como destino. Ele teria de ter chegado ainda ontem (8), mas agora terá de refazer os agendamentos que, segundo ele, passam por um procedimento bastante burocrático, consequentemente, exigindo mais tempo na estrada e menos comissão.

 

Carregado com carne de frango, o caminhoneiro Rafael Hening saiu de Toledo com um prazo máximo de 48 horas para entregar a carga no Porto de Itapoá (SC). Ele posou no pátio de um posto de combustíveis no Distrito Guará e seguiu viagem por outro caminho na manhã desta segunda-feira (9), após a transportadora em que ele trabalha conseguir autorização do seguro da carga e do veículo para mudar a rota do frente.

O geógrafo da Unicentro, Adalto Lima, esteve com a nossa reportagem há um mês em vários trechos da Serra da Esperança para uma entrevista explicando as condições arenosas do local.

Segundo ele, quem passa pela rodovia e vê as rochas de longe sem um olhar mais técnico, pode até pensar se tratar de um material robusta, mais sólido. No entanto, a Serra da Esperança, grande parte dela, é composta por uma arenito que esfarela ao entrar em contato com um volume contínuo e, nesse caso, ainda intenso de água.

 

Veículos pesados não devem utilizar PR-364 como rota alternativa ao bloqueio da Serra da Esperança, afirma DER

 

O Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR) orienta condutores de veículos pesados a não utilizarem a PR-364 como rota alternativa durante a interdição da BR-277 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

A rodovia federal está com tráfego totalmente bloqueado após queda de barreira desde a noite de sábado (07/12), com os veículos sendo desviados pela PR-364, passando pelo município de Inácio Martins. Isso está resultando em um fluxo de tráfego praticamente dez vezes maior que o normal para esta rodovia.

Por se tratar de pista simples, sem acostamentos e em região de serra, atualmente com chuvas constantes, as panes em veículos pesados resultam em congestionamentos e longos períodos de espera para todos os usuários.

Desde domingo (08/12) já foram vários acidentes e problemas mecânicos que causaram bloqueios e lentidão. Na manhã desta terça-feira (10/12) uma carreta quebrou e deixou a rodovia fechada nos dois sentidos entre Inácio Martins e Irati.

A orientação aos caminhoneiros é de procurar outras rotas apesar da distância maior, aguardar a liberação da BR-277 em pontos de parada, ou mesmo que retornem ao ponto de origem, utilizando a PR-364 somente em último caso.

Frágil: a geologia da Serra da Esperança exige cuidados para conter deslizamentos

 

 

 

Riscos de deslizamentos e outros eventos geológicos são constantes no local e consequência da condição geológica da região. A reportagem ouviu o professor doutor Adalto Lima que explicou porque o local exige atenção.

 

Nova concessão da BR-277 prevê obras e monitoramento na Serra da Esperança

 
 

Mais longo bloqueio da BR-277 no trecho da Serra da Esperança