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Ao CulturaNews, lideranças indígenas de Nova Laranjeiras falam sobre bloqueio na BR-277 

O bloqueio aconteceu no último sábado (28) de maneira criminosa, no quilômetro 483 da BR-277, conforme a polícia.

Foto: William Batista/Cultura News

01/10/2024 às 19:32 - Atualizado em 01/10/2024 às 19:38

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A reportagem da Rádio Cultura e do Cultura News viajou para Nova Laranjeiras, no centro-sul do estado, onde no último sábado (28) a Polícia Rodoviária Federal informou que indígenas bloquearam a rodovia com pedaços de árvores cortadas com moto serra para tentar saquear veículos de passeio e de carga. Não é a primeira vez que isso acontece, segundo a PRF. Nossa equipe conversou com a polícia e foi atrás de esclarecimentos de lideranças indígenas na região.

O bloqueio aconteceu de maneira criminosa no quilômetro 483 da BR-277, conforme a polícia. “Aconteceu uma situação recorrente que há anos se estende em Nova Laranjeiras”, contou o policial rodoviário federal, Edir Veroneze.

A primeira parada da reportagem foi a prefeitura da cidade, onde fica a Secretaria Municipal para Assuntos Indígenas. Conversamos com Noeli Kafy Olíbio, porta-voz das aldeias com o município. “O que vocês estão sabendo [sobre o bloqueio]?”, pergunta a nossa reportagem. “Ficamos sabendo agorinha há pouco [tarde de segunda-feira], faz uma hora e pouquinho que foi noticiado na rádio local. Imediatamente entrei em contato com a equipe da rádio, informaram que foi baseado em uma notícia da PRF. Em conversa com as lideranças locais falaram que não estão cientes disso e até ficaram surpresos e pediram para apurar a veracidade disso”, respondeu o representante indígena.

Como aconteceu

O local bloqueado fica em um trecho de curva, aliás, a região tem muitos trechos sinuosos. Segundo a PRF, indígenas cortaram duas árvores com uma moto serra, uma de cada lado da rodovia, com o objetivo de provocarem uma interdição na pista. De acordo com a polícia, com essa ação eles conseguiram bloquear totalmente a rodovia e para gerar ainda mais dificuldade aos motoristas, abriram o compartimento de um caminhão fazendo com que a carga de farelo de trigo se espalhasse pela pista.

“Essas árvores quando foram serradas de moto serra, foram derrubadas intencionalmente. Tinha várias pessoas ligando com medo de saques, tanto veículos de passeio quanto veículos grandes, de carga. Houve tentativa, como houve o trabalho rápido da PRF, PM e outros órgãos a ação foi rápida e foi evitada. Porém, uma interdição naquele local, de curva, perigoso, poderia ter causado um acidente de grandes proporções”, explicou o policial Varoneze.

Lideranças indígenas

Acompanhada de Noeli, a reportagem seguiu até a área de Aldeamento, a maior do Paraná. A região possuí 14 aldeias com mais de 3,5 mil pessoas. Encontramos Darci Rygve, líder da Aldeia Trevo, a mais próxima da rodovia. Ele afirmou que teve conhecimento do caso somente na segunda-feira à tarde, um pouco antes da entrevista.

“Agora que estou vendo essa notícia porque antes não sabia de nada também. A PRF tinha que comunicar a gente para nós vermos bem certinho isso. Acho que pelo jeito eles estão conversando só por comentário assim. Se eles tivessem gravado vídeo ou foto tinham que mandar para nós ver bem certinho. Sem foto, só comentário, é difícil de descobrir”, afirmou.

Investigações

A Polícia Civil de Laranjeiras do Sul é responsável por atender também o município de Nova Laranjeiras. Nossa reportagem foi até a delegacia em busca de informações sobre suspeitos do crime e possíveis receptadores de cargas roubadas. A polícia disse que não há nenhuma novidade sobre o caso mais recente e não deu informações sobre outras investigações que envolvem crimes semelhantes na BR-277.

A PRF informou ainda que são recorrentes os casos em que grupos de indígenas colocam obstáculos na rodovia provocando o bloqueio e obrigando motoristas a parar. A pista é interrompida, segundo a polícia, com troncos de árvores e galhos com espinhos ou blocos de concreto. Outra ação é o uso de óleo na pista para deixá-la escorregadia e provocar derrapagens, afirma a polícia.

“Por exemplo, uma pessoa que vai de Cascavel ou de Foz para Curitiba ou ali mesmo da região local de Nova Laranjeiras, jamais vai esperar que tenha duas árvores daquele tamanho sobre a pista em dia em que não está chovendo nem ventando muito. Esse tipo de ação tem de ser coibida. E a PRF está buscando os órgãos competentes para que hajam nesse tipo de situação, juntamente com o aldeamento indígena também. A maioria é de pessoas boas, tem um minoria que está causando esse tipo de situação”, completou Veroneze.

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