As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul começaram no final de abril, mas seus impactos permanecem. De acordo a Defesa Civil do estado, 478 municípios foram afetados. Os dados confirmam 179 mortes, 806 feridos, 34 desaparecidos e mais de 2,3 milhões pessoas afetadas pela catástrofe.
A ajuda veio de muitas partes, inclusive de Guarapuava. Membro do 12º Grupamento de Bombeiros de Guarapuava, o soldado Evandro Souza Penteado, esteve no Rio Grande do Sul para trabalhar nos resgates. Ele esteve em duas missões no mês de maio. Entre 8 e 19 ele trabalhou em Canoas, ambos na região metropolitana de Porto Alegre.
“Pessoas precisando de ajuda. Muitas que não tinham as casas completamente alagadas, não quiseram sair das casas. Por conta que podiam haver roubos e saques, até assaltos” contou Penteado. “Complicado tanto para quem estava lá vivendo [na cidade] e quem estava tentando ajudar na situação”.
Assista a entrevista
Na primeira missão ele conta que atuou no bairro de Fátima, um dos maiores da América Latina, o que significava muitas pessoas afetadas. Foram 10 dias de trabalho muito intenso. O bombeiro comparou a situação do lugar a um “cenário de guerra”, com poucas pessoas para ajudar tantas vítimas. Evandro disse que nem ele ou algum dos outros tinham participado de uma missão dessa proporção.
Dificuldades
A ação de facções criminosas limitava a atuação dos militares, segundo relatou Evandro. Existiam áreas vermelhas ondem os resgates só ocorriam com apoio da Força Nacional ou o exército.
“Essa imprevisibilidade da questão da segurança era o que preocupava bastante a nossa equipe e o comando lá no local, mas graças a Deus ocorreu tudo tranquilo. O apoio da Brigada Militar, Força Nacional, do Exército, Polícia Civil foram muito importantes para fazermos a missão, resgatarmos as pessoas e os animais”, contou Evandro.
Vale do Taquiari
Na segunda vez em que estava no Rio Grande do Sul, dos dias 01 a 09 de junho, relatou que o cansaço físico maior. Atuaram no município de Lajeado, região do Vale do Taquari, e outros na região. As equipes eram divididas para a busca terrestre, mas a área era muito extensa. Marcavam pontos de interesse, aqueles onde podiam haver vítimas, como escombros ou locais com odores fortes. Algumas vítimas foram encontradas a 20 km de distância do local onde sumiram, lembra o militar.
Apoio de civis
Evandro relatou o papel dos civis voluntários nas atuações. Alguns forneceram comida para os membros das equipes e os direcionavam pela cidade desconhecida. “Então, esses civis também estavam afetados, mas queriam ajudar a comunidade, seus conhecidos… Estavam todo dia lá para nos ajudar nessa missão”.
O bombeiro mantém contato com alguns até hoje. Disse que ouve deles sobre como a situação permanece difícil. “Infelizmente a destruição foi muito grande. Tem locais que agora, mesmo 40 dias depois, com chuvas intensas, alagou novamente. Então é uma situação muito complicada. A população está precisando de toda a ajuda possível. Uma situação ainda delicada”.
Família
Filho e irmão de bombeiros militares, Evandro foi grato à família pelo apoio nas missões. “Agradeço a minha esposa, que ficou aqui cuidando de tudo e preocupada com tudo que acontecia lá”, conta Evandro. “Nem sempre dava para responder as mensagens”, completa. A saudade do filho, de três anos, também foi um fator mencionado por ele na entrevista.
Edição de Luis Emanuel Calixto (Estagiário).
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