Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo 2025 revela que a causa enfrenta um processo de erosão alarmante

O autoritarismo é apontado como responsável direto pela perseguição em 19 países e pela discriminação em outros 33.

Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo 2025 revela que liberdade religiosa enfrenta um processo de erosão alarmante. (Imagem: divulgação CNBB).

24/10/2025 às 15:40 - Atualizado em 25/10/2025 às 07:31

Compartilhe:

O Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo 2025, publicado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), revela que 62 países registram graves violações desse direito fundamental, afetando mais de 5,4 bilhões de pessoas, o equivalente a quase dois terços da população mundial.

De acordo com o levantamento, 24 países foram classificados na categoria mais grave, de “perseguição”, e outros 38 como “discriminação”. Apenas dois países – Cazaquistão e Sri Lanka – apresentaram melhorias no período analisado, entre 1º de janeiro de 2023 e 31 de dezembro de 2024.

O relatório identifica os regimes autoritários como a maior ameaça à liberdade religiosa. Em países como China, Eritreia, Irã e Nicarágua, os governos impõem leis restritivas, vigilância em massa e repressão sistemática a grupos religiosos.

Fique sempre por dentro das últimas notícias!

Junte-se ao nosso grupo no WhatsApp e receba em primeira mão as notícias, atualizações e destaques do CulturaNews.
Não perca nada do que está acontecendo!

Clique aqui e faça parte do grupo!

Outra força destrutiva é o extremismo jihadista, que se espalha com rapidez por regiões como o Sahel, a África Central e o Oriente Médio. Grupos como o JNIM, o Estado Islâmico da Província do Sahel e o ISCAP ampliam o controle territorial, atacando comunidades cristãs e muçulmanas que não aderem à sua ideologia.

O relatório também alerta para o crescimento do nacionalismo étnico-religioso, que reforça a exclusão e a repressão das minorias. Países como Índia e Mianmar são exemplos de perseguição “híbrida”, combinando repressão legal e violência popular. Já na Palestina, Israel, Sri Lanka e Nepal, a discriminação tem caráter institucional.

Essas dinâmicas alimentam uma crise humanitária silenciosa: a migração forçada por motivos religiosos. Milhões de pessoas têm fugido da violência, especialmente em países como Nigéria, Burkina Faso, Níger, Mali e Sudão, onde comunidades inteiras foram desarraigadas e templos destruídos.

O estudo mostra que o crime organizado passou a mirar líderes e instituições religiosas para ampliar o controle territorial, especialmente em países como Nigéria, Haiti e México. Igrejas são saqueadas, sacerdotes sequestrados e comunidades cristãs silenciadas.

Além disso, a guerra tornou-se um fator crescente de violação da liberdade religiosa. Conflitos como os da Ucrânia, Sudão, Mianmar, Gaza e Nagorno-Karabakh provocaram destruição de locais sagrados e deslocamento em massa de fiéis.

O relatório aponta um aumento significativo de crimes de ódio antissemitas e antimuçulmanos, sobretudo após o ataque do Hamas a Israel em outubro de 2023. Na França, os atos antissemitas cresceram 1.000%, e na Alemanha foram registrados 4.369 incidentes relacionados ao conflito, contra apenas 61 em 2022.

Os ataques anticristãos também aumentaram nos países ocidentais. Em 2023, a França registrou cerca de 1.000 incidentes, enquanto no Canadá ao menos 33 igrejas foram destruídas por incêndios criminosos. Casos semelhantes ocorreram em Espanha, Itália, Estados Unidos e Croácia, com vandalismo, profanações e agressões a líderes religiosos.

Apesar do cenário preocupante, a ACN destaca a resiliência das comunidades religiosas, que continuam atuando como agentes de paz e solidariedade. Em regiões como Cabo Delgado (Moçambique) e Burkina Faso, projetos inter-religiosos mostram que a fé pode ser força de unidade, reconstrução e defesa da dignidade humana.

A educação é apontada como um caminho essencial para promover a coexistência pacífica e a igualdade entre os povos, fortalecendo a esperança em um futuro em que a liberdade religiosa volte a ser plenamente respeitada.

Fonte: CNBB.