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Espécie rara de abelhas é encontrada pela primeira vez no Brasil, em Guarapuava

Do gênero “Mourecotelles”, as abelhas dessa espécie rara são chamadas de solitárias, a exemplo de 85% das espécies já identificadas no país.

Pesquisa durou seis anos. Foto: artigo científico; Professora Maria Luisa Tunes Buschini

19/07/2024 às 19:00

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A nova espécie de abelhas, considerada rara, foi identificada pela primeira vez no Brasil dentro do Parque das Araucárias, em Guarapuava.

Durante seis anos, a professora Maria Luisa Tunes Buschini, do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Centro-Oeste, a Unicentro, realizou a pesquisa que identificou a nova espécie.

A professora conversou com o Portal Cultura News e contou detalhes da descoberta.

Sobre a espécie

Do gênero “Mourecotelles”, as abelhas dessa espécie rara são chamadas de solitárias, a exemplo de 85% das espécies já identificadas no país.

“O que seria isso? Uma fêmea, sozinha, constrói seu ninho. É muito simples, quando comparado a ninhos de abelhas sociais. Ela coloca alimento, bota os ovinhos, fecha e não se encontra com as filhas dela. Não produz mel. Não existe diferenciação entre rainha e operária, não existe colaboração de trabalho, divisão de trabalho entre as fêmeas, nem sobreposição de geração adulta entre elas. A fêmea, normalmente, tem um tempo de vida mais curta. Quando você fala em abelha, o máximo que as pessoas, em geral, conhecem, é a abelha do mel que consumimos. Aquela que produz mel, na verdade, é exótica. Ela não é daqui, foi introduzida no Brasil, explica.”

Maria Luisa conta que ficou bastante surpresa com a descoberta da nova espécie, isso porque o genêro de abelhas identificado de forma rara no país, é comum de outras regiões.

“Espécies de abelhas desse gênero são econtradas, nomalmente, no oeste da América do Sul, ou seja, em regiões frias e secas. São regiões temperadas, como, por exemplo, na Cordilheira dos Andes. Já tive convite para fazer uma descrição do genoma dessa espécie. Agora é investir no estudos dessas espécies raras que não são fáceis de serem coletadas. Entender o papel que desempenham no ambiente do qual fazem parte, para realizar um manejo mais correto e visar a preservação dessas espécies”, pontua.

Descoberta

Segundo a professora, para capturar as abelhas foram usados ninhos-armadilhas, instalados em vários locais do parque.

“Nada mais são do que um bloquinho com um furinho no meio. Os orifícios têm o hábito de nidificar em buracos nas árvores que são feitos por outros insetos, porque elas (abelhas) não escavam seus ninhos, elas usam esses orifícios”, conta.

Exemplo de um ninho-armadilha usado para capturar as abelhas. Foto: arquivo pessoal

A professora diz que para concluir o estudo contou com a ajuda de uma aluna, que durante o trabalho de conclusão de curso (TCC), auxiliou na coleta de dados para as análises. A docente da Unicentro também teve a colaboração de especialistas na área de estudos de abelhas. Um professor da Universidade Federal do Paraná, e outro da Universidade Federal da Bahia. Eles produziram um artigo científico sobre a descoberta da nova espécie.

“Como toda a espécie de abelha, essas também são extremamente importantes, porque elas fazem parte de um serviço ecossistêmico importante, que é o serviço da polinização. Inicialmente de plantas que são da Mata Atlântica. Diante do cenário que a gente está vivendo da perda de espécies, da extinção de várias espécies, desaparecimento de várias espécies de abelhas, um achado dessa natureza é extremamente importante. Estamos perdendo muitas espécies sem nem ter registro da presença delas, muito menos sem saber nada sobre a biologia e comportamento dessas espécies”, conclui.

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