No ano de 2023, 81% das mortes de crianças com menos de um ano de vida registradas em Guarapuava ocorreram por causas evitáveis. Dados das Secretarias de Estado e Municipal de Saúde revelam que ocorreram 38 mortes de crianças nesta faixa etária. Um crescimento de 49% comparando com o ano de 2022. A taxa saiu de 9,2 óbitos por mil nascidos vivos para 13,7.
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Nos casos evitáveis, foram 23 óbitos por complicações de saúde com as mães durante a gestação. Na classificação técnica, afecções do período perinatal. “São qualquer tipo de infecção que acomete a gestante no período do pré-natal, fazendo principalmente que ocorra uma prematuridade nos partos”, explica o médico obstetra Fernando Capuano.
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“Temos como principais a infecção urinária, outra causa comum são as infecções vaginais, que também podem levar a parto prematuro e rompimento precoce da bolsa e antecipando o parto”, completa o especialista.
Segundo o médico, é justamente essa antecipação do nascimento que aumenta o risco de morte dos bebês. Mas as doenças que levam ao parto prematuro são simples de serem identificadas e tratadas
“O rastreamento é simples, o tratamento é simples, mas é uma paciente que tem que ter uma atenção especial devido a esses índices de prematuridade causados pelas infecções”, afirma Fernando.
Importância do pré-natal
Por isso o pré-natal é fundamental para garantir um parto seguro e no tempo certo, evitando consequências para a mãe e os bebês. O pré-natal é gratuito e está disponível nas unidades básicas de saúde. Assim que a mulher descobre a gravidez deve buscar atendimento e fazer todas as consultas e realizar os exames solicitados. Casos de risco tem acompanhamento da Clínica da Mulher e do Ambulatório Médico de Especialidades.
“Esse é o ponto chave da saúde pública, conseguindo fazer um pré-natal bem assistido, com acesso aos profissionais, aos exames, conseguimos rastrear melhor essa paciente, quando necessário encaminhar para um pré-natal de alto risco, e rastreando melhor menos risco de infecções, menos prematuridade e menos óbito”, enfatiza Capuano.
Responsabilidade das mães
A secretaria Municipal de Saúde, responsável pela atenção primária em saúde, afirma que o serviço de pré-natal está disponível nas Unidades Básicas de Saúde e nenhuma mulher que procura fica sem o serviço.
“O que a gente percebe é a falta de tratamento adequado, ela teve acesso mas não realizou [o pré-natal], tudo isso relacionado aos hábitos de vida pode levar ao parto prematuro”, disse enfermeira Laís Depaoli chefia a divisão Materno Infantil da Clínica da Mulher.

Realizar o pré-natal de forma correta é fundamental para evitar complicações para mãe e bebê. Foto: Albari Rosa/AEN.
“Existe uma falha na adesão do tratamento, falta autocuidado e responsabilidade enquanto gestante, tem o manejo, um protocolo, mas percebemos a falta do segmento pela própria mulher”, completa Depaoli.
Guarapuava não conta, desde 2020, com um Comitê de Mortalidade Materno, Infantil e Fetal ativo. A função seria além de investigar as mortes, tomar medidas para evitar novas ocorrências.