Onça-parda atropelada na Serra do Cadeado será usada em ações de educação ambiental em Guarapuava

Animal foi levado ao Laboratório de Anatomia Veterinária da Unicentro, onde passa por taxidermia, técnica conhecida popularmente como empalhamento.

Foto: William Batista/ CulturaNews

23/07/2025 às 16:43 - Atualizado em 23/07/2025 às 16:46

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A onça-parda que morreu atropelada no dia 3 de julho na PR-170, na região da Serra do Cadeado, vai ajudar a conscientizar crianças, estudantes e visitantes sobre a importância da preservação ambiental. O animal está passando por um processo de taxidermia (técnica científica conhecida popularmente como empalhamento) no Laboratório de Anatomia Veterinária da Unicentro, onde será conservado para fins educativos e científicos.

“Esse animal, a história desse animal vai ser contada, com todo respeito à espécie, com todo respeito ao indivíduo, para as crianças, para os nossos visitantes, quando a universidade estiver com as portas abertas, para receber as escolas, a comunidade em geral, para sensibilizar, para mostrar o quanto esse animal é bonito, o quanto a espécie é importante e o quanto a nossa região é privilegiada”, explicou o professor Rodrigo Souza, do Departamento de Medicina Veterinária.

Sobre a técnica

A técnica utilizada, a taxidermia, consiste na preparação da pele do animal de forma a preservar sua aparência natural. O objetivo é mimetizar o estado do animal em vida para uso em ações de educação ambiental. “Nada mais adequado do que preparar essa pele com uma técnica chamada taxidermia. Derme é pele, né? É trabalhada de tal maneira a tentar mimetizar o estado daquele animal enquanto ele vivia, com um objetivo científico, com objetivo de educação ambiental”, afirmou Rodrigo.

O corpo da suçuarana foi resgatado por equipes da Secretaria de Meio Ambiente e da Defesa Civil e encaminhado ao CEDETEG da Unicentro. O trabalho está sendo realizado dentro do fluxo do Cetras (Centro de Triagem de Animais Silvestres), ligado ao Instituto Água e Terra (IAT), que atende animais silvestres feridos ou mortos na região e em todo o estado. “O cadáver é registrado da mesma forma. Ele precisa entrar no sistema do estado. Precisamos avisar o Instituto Água e Terra que o cadáver está aqui, qual a procedência, até para basear a criação de políticas públicas que direcionem a construção e a melhoria das rodovias, que no estado do Paraná são bem complicadas em relação à fauna silvestre”, disse o professor.

A onça

O animal era um macho adulto da espécie Puma concolor, conhecida popularmente como onça-parda ou suçuarana, e pesava mais de 20 quilos. Sem a presença da onça-pintada e da jaguatirica — já extintas na região —, a suçuarana atua como predador de topo de cadeia. “São animais que acabam controlando as populações das suas presas. E quando a gente não tem um contato muito adequado, pode gerar conflito.”

Para Rodrigo, a aproximação da onça de áreas com presença humana geralmente indica desequilíbrio ambiental. Ele reforça que é papel dos criadores proteger seus animais de maneira adequada. “Se eu crio galinhas, por exemplo, preciso construir um bom galinheiro. Se uma onça pega sua ovelha, é porque você não protegeu direito. A boa notícia: se uma onça precisa ou pega as suas ovelhas, você é um mau criador de ovelhas. Porque não deveria ser tão fácil para uma onça chegar num aprisco.”

Orientações 

O professor também comentou o tratamento desrespeitoso que o cadáver da onça recebeu nas redes sociais. “Isso mostra desinformação, ignorância e até uma desumanidade. Não existe o respeito pela vida que aquele animal foi. Um cadáver de um animal grande, um predador, pode virar uma imagem desrespeitosa de troféu de caça.”

Rodrigo reforça que o recolhimento de animais silvestres mortos só pode ser feito por órgãos ambientais autorizados. “A população, quando encosta no animal, tá correndo risco de adquirir alguma doença, porque nós não sabemos — vai que ele já estava doente, e aí por isso foi atropelado. As únicas maneiras de fazer a coleta adequada é através dos órgãos ambientais.”

Estudos

O laboratório da Unicentro já conta com outros animais conservados para fins de pesquisa e extensão. “Temos animais fixados, taxidermizados, desde répteis, aves, mamíferos. Tentamos privilegiar aquelas espécies que são importantes para o ecossistema ou para a cultura local, como o lobo-guará, que está no nome da nossa cidade: Guarapuava”, completou.

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