A onça-parda que morreu atropelada no dia 3 de julho na PR-170, na região da Serra do Cadeado, vai ajudar a conscientizar crianças, estudantes e visitantes sobre a importância da preservação ambiental. O animal está passando por um processo de taxidermia (técnica científica conhecida popularmente como empalhamento) no Laboratório de Anatomia Veterinária da Unicentro, onde será conservado para fins educativos e científicos.
“Esse animal, a história desse animal vai ser contada, com todo respeito à espécie, com todo respeito ao indivíduo, para as crianças, para os nossos visitantes, quando a universidade estiver com as portas abertas, para receber as escolas, a comunidade em geral, para sensibilizar, para mostrar o quanto esse animal é bonito, o quanto a espécie é importante e o quanto a nossa região é privilegiada”, explicou o professor Rodrigo Souza, do Departamento de Medicina Veterinária.
Sobre a técnica
A técnica utilizada, a taxidermia, consiste na preparação da pele do animal de forma a preservar sua aparência natural. O objetivo é mimetizar o estado do animal em vida para uso em ações de educação ambiental. “Nada mais adequado do que preparar essa pele com uma técnica chamada taxidermia. Derme é pele, né? É trabalhada de tal maneira a tentar mimetizar o estado daquele animal enquanto ele vivia, com um objetivo científico, com objetivo de educação ambiental”, afirmou Rodrigo.
O corpo da suçuarana foi resgatado por equipes da Secretaria de Meio Ambiente e da Defesa Civil e encaminhado ao CEDETEG da Unicentro. O trabalho está sendo realizado dentro do fluxo do Cetras (Centro de Triagem de Animais Silvestres), ligado ao Instituto Água e Terra (IAT), que atende animais silvestres feridos ou mortos na região e em todo o estado. “O cadáver é registrado da mesma forma. Ele precisa entrar no sistema do estado. Precisamos avisar o Instituto Água e Terra que o cadáver está aqui, qual a procedência, até para basear a criação de políticas públicas que direcionem a construção e a melhoria das rodovias, que no estado do Paraná são bem complicadas em relação à fauna silvestre”, disse o professor.
A onça
O animal era um macho adulto da espécie Puma concolor, conhecida popularmente como onça-parda ou suçuarana, e pesava mais de 20 quilos. Sem a presença da onça-pintada e da jaguatirica — já extintas na região —, a suçuarana atua como predador de topo de cadeia. “São animais que acabam controlando as populações das suas presas. E quando a gente não tem um contato muito adequado, pode gerar conflito.”
Para Rodrigo, a aproximação da onça de áreas com presença humana geralmente indica desequilíbrio ambiental. Ele reforça que é papel dos criadores proteger seus animais de maneira adequada. “Se eu crio galinhas, por exemplo, preciso construir um bom galinheiro. Se uma onça pega sua ovelha, é porque você não protegeu direito. A boa notícia: se uma onça precisa ou pega as suas ovelhas, você é um mau criador de ovelhas. Porque não deveria ser tão fácil para uma onça chegar num aprisco.”
Orientações
O professor também comentou o tratamento desrespeitoso que o cadáver da onça recebeu nas redes sociais. “Isso mostra desinformação, ignorância e até uma desumanidade. Não existe o respeito pela vida que aquele animal foi. Um cadáver de um animal grande, um predador, pode virar uma imagem desrespeitosa de troféu de caça.”
Rodrigo reforça que o recolhimento de animais silvestres mortos só pode ser feito por órgãos ambientais autorizados. “A população, quando encosta no animal, tá correndo risco de adquirir alguma doença, porque nós não sabemos — vai que ele já estava doente, e aí por isso foi atropelado. As únicas maneiras de fazer a coleta adequada é através dos órgãos ambientais.”
Estudos
O laboratório da Unicentro já conta com outros animais conservados para fins de pesquisa e extensão. “Temos animais fixados, taxidermizados, desde répteis, aves, mamíferos. Tentamos privilegiar aquelas espécies que são importantes para o ecossistema ou para a cultura local, como o lobo-guará, que está no nome da nossa cidade: Guarapuava”, completou.
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