Atualizada dia 13 de julho de 2024*
As investigações do Ministério Público do Estado do Paraná apontam que Paulo Guilherme Adayr Moser Cabral comandava um conjunto de empresas que estão em nome de outras pessoas e que essas empresas eram usadas para participar de licitações e supostamente simular concorrência. Ele seria auxiliado pelo pai, Adayr Cabral Filho. Desde 2017 essas empresas teriam participado de 20 licitações para obras em prédios públicos da Prefeitura de Guarapuava.
O suposto esquema foi revelado após a Operação Abecedário, que tem como alvos, além das empresas, os agentes públicos Fabiano Ferreira da Silva, engenheiro da prefeitura de Guarapuava, e Pablo Almeida (Progressistas), vereador e ex-secretário de Educação.
A assessoria de imprensa da empresa PGC Engenharia, enviou nota se posicionando:
Paulo Guilherme Adayr Moser Cabral declara que, apesar do vínculo consanguíneo com Adayr Cabral Filho, não mantém com este qualquer relação pessoal e tampouco profissional.
Em anos de atuação profissional, Paulo nunca praticou, com qualquer empresa ou pessoa, crime ou irregularidade no âmbito das contratações públicas para com o Município de Guarapuava e em lugar algum, o que será devidamente provado ao Poder Judiciário. Todos os processos correm em segredo de Justiça.
As empresas que formam o suposto grupo suspeito são:
LHC CONSTRUÇÕES EIRELI – ME
PGC ENGENHARIA E OBRAS LTDA.
DFG CONSTRUTORA EIRELI.
MASTERDOMUNS CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA.
JK CONSTRUÇÕES LTDA.
REZENDE E ROMAN LTDA., como ainda TSA CONSULTORA E
ENGENHARIA EIRELI
COPAÍBA EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO SPRE LTDA.
BARASTI 350 EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO SPE LTDA.
BRASIL HOME CENTER COMERCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA. ME
FEPAED INCORPORAÇÃO E INVESTIMENTOS LTDA. e
DROP EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO SPE LTDA.
As empresas têm em seus quadros societários pessoas ligadas a Paulo Guilherme e seriam, segundo MPPR, seus funcionários. “Trata-se de estratégia para permitir que referidas empresas participem simultaneamente de licitações promovidas pelo Município de Guarapuava, simulando concorrência”, afirma trecho da petição inicial do MP.
O que o MP aponta é que as empresas se revezavam nas licitações “embora seja sempre a mesma equipe, supervisionada por Alexandre Roman, que presta os serviços em Guarapuava”.
A empresa mais contratada é a DFG CONSTRUTORA EIRELI, constituída em 2016. Em seguida aparecem com frequência as Rezende E Roman Ltda. e Jk Construções Ltda. Ainda que, segundo o MPPR, a execução fosse sempre da mesma equipe.
Confusão patrimonial
Os dados bancários das empresas apontam, segundo MPPR, “confusão patrimonial” e uma “administração unitária”. Esse grupo é suspeito, ainda, de pagar propina para agentes públicos que facilitariam o suposto esquema.
Laranjas e mesmo endereço
Em determinada ocasião no curso das investigações a equipe do MPPR ligou para empresa DFG. Contudo, ao atender o telefone, a funcionária teria dito “PGC, boa tarde”. Isso seria mais um indício de que as diversas empresas na realidade eram fachadas para concorrer nas licitações.
Descontos
Durante os processos licitatórios as empresas concorriam com outras empreiteiras fora do suposto esquema. E venciam mediante “descontos destacadamente superiores às demais licitantes”. Um exemplo é na Concorrência Pública n.º 01/2021, com valor de R$ 5 milhões, para reformas em escolas. A empresa “DFG (vencedora) e a MASTERDOMUS apresentaram descontos de 56% e 37,5%, ao passo que as demais apresentaram descontos de 30% e 15%”.
Uma delas, a Masterdomus realizou uma alteração no contrato social apenas dois meses antes da licitação. Antes desta mudança ela sequer prestava serviços de construção civil.
- Para acrescentar nota enviada por um dos mencionados na reportagem.
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